Brasileiro cria plataforma colaborativa AWAYTOMARS, voltada para criação de moda e produção ética

IMAGENS DO MOODBOARD ATUAL DO SITE AWAYTOMARS ©REPRODUÇÃO

“Nossa visão é ser referência e inspiração para o design, forma e conceito. Queremos inerpretar o desejo dos nossos clientes e a forma como pensamos e nos comportamos. Nossa missão é promover o pensamento criativo, inovação e estética de alta qualidade emu ma plataforma que integra uma comunidade colaborativa”.

Conheça o projeto AWAYTOMARS, uma plataforma online colaborativa lançada em 2015 que funciona a base de valores éticos e promove o pensamento criativo, a co-criação, o crowdfunding e a divisão de lucros. No ATM, o que seria apenas uma ideia de uma pessoa criativa, pode, de fato, ganhar vida.

Por trás dele, está o brasileiro Alfredo Orobio, 28, que teve a ideia enquanto pesquisava comportamento de consumo de moda para seu mestrado. a ideia ganhou menção honrosa na Universidade de Lisboa e o governo português deu um incentivo financeiro de €9 mil. Ele se juntou a outros três brasileiros, Paula Pinaud, Cecília Temke e Marília Biasi, e ao italiano Carlo Valentini para realizar o projeto. Com a palavra, Alfredo:

 “Percebi que algumas pessoas comuns (não acadêmicas ou profissionais da moda) compartilhavam suas idéias de produto em grupos online no Facebook e no Instagram, pedindo a opinião dos outros, e havia um engajamento real da comunidade com feedback, likes e até pedidos e encomendas. Mas vi que o processo acabava aí e essas idéias se perdiam. Então resolvi, com ajuda de um amigo de TI, montar uma plataforma online onde pessoas pudessem compartilhar ideias de produto, pedir feedback, aperfeiçoá-lo com a participação de outras pessoas e concluir o processo com a realização do projeto na forma de protótipo seguido de uma campanha de crowdfunding para a produção em escala da peça”.

E então, por dois anos, Alfredo trabalhou no ATM na paralela, já que não podia abdicar de seus outros trabalhos. Foi criando um relacionamento com fornecedores éticos que abraçaram a ideia e depois divulgou em faculdades de moda e estudantes de design. Até que um dia, o projeto finalmente nasceu e… surpresa! Muitas pessoas esperavam por ele.

O AWAYTOMARS funciona assim: qualquer pessoa pode submeter sua ideia online através do site e, meio que instantaneamente, ela recebe feedback da comunidade cadastrada na plataforma. Os conceitos mais interessantes ou inovadores são selecionados por essa mesma comunidade e um grupo de curadores para a fase seguinte, o crowdfunding. Como essas peças são selecionadas? “Quem escolhe são os próprios usuários, a gente apenas age como moderador, incentivando as discussões e destacando pontos de melhoria. É um ambiente 100% colaborativo onde, quanto mais engajamento da comunidade, maior a chance de se obter sucesso”.

A Alfredo cabe a responsabilidade de organizar toda a informação, guiar as pessoas no processo de aperfeiçoamento técnico, no contato com as fábricas e no suporte de desenvolvimento do protótipo. “Para ter sucesso dentro da plataforma, o designer precisa interagir com outros designers e trazer pessoas para aprimorar sua ideia”. Aí o conceito de co-criação e colaboração coletiva que torna o AWAYTOMARS um projeto especial e que reflete o hoje e o amanhã.

ALFREDO OROBIO, FUNDADOR DA AWAYTOMARS ©CORTESIA

Uma vez que a peça foi vendida, os lucros são divididos entre a empresa e o criador. Já os usuários que participaram do processo de crowdfunding têm acesso ao produto com o mesmo preço praticado para o atacado (aproximadamente 50% do valor do varejo).

Se comparado aos métodos tradicionais de desenvolvimento de produto dentro da indústria da moda, o ATM custa menos e leva menos tempo: as peças não são pensadas para durar apenas uma temporada e sua produção é feita de acordo com o que foi pré-vendido.

Hoje, o site conta com 700 usuários ativos. De todas as ideias que recebe, Alfredo reúne as melhores para apresentar em um desfile dentro do calendário da semana de moda de Lisboa, duas vezes ao ano. Em março, dia 13, eles mostrarão a primeira coleção inteiramente co-criada nesse esquema. Foram mais de 400 submissões vindas de 67 países. Apenas 25 looks entram no desfile (alguns dos ítens selecionados estão na area de Design do site). “Eu não imaginava que teríamos tanta gente enviando ideias nessa nossa primeira campanha, muito menos de tantos países!”, comemora. Logo mais essas peças serão vendidas no próprio site da ATM.

Agora, com a demanda-surpresa, ele não teve escolha a não ser focar no AWAYTOMARS, onde os sócios já colocaram cerca de €40 mil. “Acredito que esse é o futuro da nossa indústria. É desumano pensar que um diretor criativo tenha que desenvolver 18, 20 coleções por ano. O mercado está morrendo em termos de criatividade. É hora de trazer novos players para o processo criativo e envolver pessoas com ideias, não importa o background”.

Além das criações colaborativas, o ATM também tem uma coleção permanente, formada por peças básicas desenvolvidas com um corte único, que pode ser comprada permanentemente em seu e-commerce. Alfredo também nota que há muito o que ser explorado. “Uma coisa que foi muito legal que aconteceu em outubro foi que a gente lançou um report com as principais cores que tinham sido compartilhadas no moodboard até então e apontamos o lilás e o rosa claro como ‘campeãs’. Em novembro, a Pantone nomeou as mesmas duas cores como os tons de 2016, o que mostra bastante potencial para explorarmos no uso inteligente dos dados dos usuários.”

Essa primeira coleção e o engajamento da comunidade é só o começo de uma longa e promissora jornada. Vamos todos. Away to Mars.

@awaytomars

* Alfredo mora em Londres e trabalhou por 10 anos com consultoria para o mercado de luxo e cuidou por quatro anos da marca de moda praia Frescobol Carioca.

ReBlog: FFW

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Codame Labs – Projeto *Arte, Moda e Tecnologia* Oportunidade!

A designer de moda tecnológica Anouk Wipprecht se tornou conhecida por seus vestidos inteligentes experimentais com processadores Intel como o 4 vestidos que fez para a campanha publicitária da Audi. Agora, Anouk será a diretora criativa do coletivo Codame Labs que pretende se concentrar na colaboração interdisciplinar entre arte, moda e tecnologia.

Esse projeto visa criar moda de vanguarda e Anouk, junto a outros designers, poderá se dedicar a desenvolver a próxima geração de roupas futuristas e tecidos inteligentes.

“O laboratório irá complementar a nossa missão de reunir pessoas e técnicas artísticas para experiências interativas compartilhadas”, disse o fundador da Codame Bruno Fonzi. “Com Anouk trazendo sua experiência em moda e tecnologia wearable, este promete ser um ano incrível, e estamos ansiosos para ver os protótipos do laboratório inspirando nossos artistas para criar.”

“O Codame Labs será um lugar onde o hardware pode ser testado, a robótica ganha um estilo, tecidos eletrônicos são criados a fim de criar uma nova geração de dispositivos wearable”, disse Anouk Wipprecht, que vai pesquisar sobre moda, tecnologia, aprendizado de máquina e design interativo.

A designer holandesa ficou famosa por suas roupas escultura tais como seu “vestido aranha”, uma peça com um sistema de proteção embutido que mantém os outros à distância via braços robóticos animadas que se estendem para defender seu portador.

“O Codame Labs está determinado a produzir projetos surpreendentes, dando aos artistas acesso aos mais recentes gadgets e ferramentas, incluindo scanners 3D, impressoras 3D, óculos de realidade virtual, micro controladores e pequenos módulos de sensor”, disse ela.

Espia Só!

O laboratório de moda tecnológica está buscando propostas de estilistas, designers, artistas e engenheiros para seu festival de quatro dias previsto para outubro de 2016. Entre os artistas já envolvidos estão Behnaz Farahi, criadora do Caress of the Gaze, uma capa impressa em 3D que reage ao olhar, e Lisa Lang, fundadora da startup de moda tecnológica Elecktro Couture. Quem estiver interessado em participar do projeto pode se increver aqui

O Codame Labs não vai necessariamente financiar produtos de tecnologia wearable, ele promete ampliar as parcerias entre designers e marcas na criação de novos produtos de moda inteligentes e quer trazê-los para o mercado.

Atualmente muitos wearables estão começando a parecer e agir do mesmo modo, assim o Codame Labs pretende mudar as coisas e propor novas e interessantes soluções na união entre moda e eletrônica.

Fonte: StyloUrbano

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Sustentável e Solidário – Projeto Recicla Tênis Usados!

Projeto Recicla Tênis Usados! Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)

Calçados que seriam descartados são destinados a jovens atletas e comunidades carentes.

Todo ano Márcio ganhava dois tênis de presente do seu pai. Um era para jogar futebol, outro para passear. Ocorre que o garoto de sete anos gostava muito de praticar esporte e acabava com o tênis de brincar, tendo que apelar para o tênis de passeio. Quando esse também estragava, o pai fazia o filho ir para a escola com o tênis “estourado”, para lhe ensinar o princípio da conservação. Mesmo assim, nada mais restava senão jogar os tênis fora, pois eles afinal também têm prazo de validade, isso porque, com o tempo, as propriedades dos materiais de que são fabricados vão se degradando.

De qualquer forma, o descarte não deve ser feito. É o que mostra um projeto da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) baseado na reciclagem de tênis usado que foi concebido pelo jovem docente Luiz Vieira Junior, de 32 anos. A iniciativa deu certo e hoje os tênis com meia vida podem continuar sendo usados e, a parte que não teria utilidade alguma, como o solado do calçado, por exemplo, hoje pode ser triturado e transformado em pavimentos de pista de atletismo, quadras de futebol society e pisos para playground, que amortecem o impacto.  Os tênis ganharam uma nova aplicação e fazem parte de uma pesquisa liderada pelo professor Luiz.

Esse projeto para jovens atletas começou quando ele ainda realizava doutorado na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Ele e seu orientador corriam todos os dias juntos, enquanto discutiam sua pesquisa. Tal hábito era compartilhado por professores dessa instituição, que se reuniam todos os dias às 10h30 para correr mais ou menos uma hora.

Nas conversas, alguns professores comentavam que iriam jogar seus tênis fora, por acreditarem que não prestavam mais. “Mas eu olhava e via que os calçados aparentemente estavam em perfeitas condições de uso. Passei então a recolhê-los para verificar se estavam mesmo”, recorda.

Nos Estados Unidos, conta ele, os atletas usavam seus tênis até que atingissem 500 milhas, que é o equivalente a cerca de 800 quilômetros. Geralmente essa distância era percorrida por um corredor depois de quatro meses de treino ou até menos. Após esse período, o tênis era simplesmente descartado. Para um atleta brasileiro, um tênis dura o dobro desse tempo, repara.

Luiz tomou a atitude de pedir que as pessoas doassem seus tênis para ele. Com isso, trazia ao Brasil mais de 70 kg do calçado na bagagem, quando vinha visitar a família. Ele conta que os repassava para comunidades carentes e escolas.

Fazia questão de ministrar palestras motivacionais sobre a prática do esporte e os benefícios na qualidade de vida e na saúde, o valor dos estudos e da ciência, além de alguns princípios do esporte, como a perseverança, o esforço e que nada vem de graça. “Os contemplados ficavam muito contentes. Era impagável perceber o quanto isso significava para muitos deles, que nunca tiveram um tênis.”

UTILIDADE

Luiz morou nos EUA de 2007-2013: quatro anos no Estado de Maryland e dois anos no Estado de Connecticut, onde foi docente na University of New Haven. Mas prestou um concurso na Unicamp e foi aprovado. Voltou ao Brasil. Quando chegou aqui, notou que talvez ainda houvesse uma forma desses tênis serem reutilizados e de lhes conferir um peso mais científico.

Entretanto, o projeto ficou parado por um ano e meio. Veio Ronaldo Dias, treinador do Grupo de Corrida Labex-GGBS da Unicamp, do qual Luiz é participante, e sugeriu que ele reativasse o projeto das doações. Os tênis foram chegando novamente, e muito com a ajuda dos alunos e de outras duas universidades: da Johns Hopkins e da alemã Landshut University of Applied Sciences.

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Em nova fase, em terras brasileiras, a iniciativa começou a ser viabilizada com incrementos. Luiz passou a desenvolver uma forma de verificação se o tênis ainda estava em bom estado de uso e tinha a qualidade necessária para que continuasse na ativa.

A próxima etapa envolveu uma série de ensaios no Laboratório de Modelagem Estrutural e Monitoração (Labmem) da FEC. Ali era avaliada principalmente a energia de absorção do impacto do tênis e como ele se comportava em situações de estresse.

“Toda vez que o corredor pisa, ele aplica uma força no solo, e essa força terá uma reação. Parte desse impacto é absorvido e precisa ser medido, assim como a rigidez em absorver o impacto”, destaca o docente. “Esse teste permite ver os tênis que podem ser aproveitados em outros pés, porém não dá a dimensão da sua vida útil.”

Os tênis são colocados em uma máquina, chamada universal, que opera simulando uma corrida. Trata-se de um ensaio dinâmico em que, com os dados dessa simulação, quantifica o que está acontecendo no sistema de absorção de impacto do tênis.

Anteriormente, cada ensaio demorava em torno de dez minutos. Hoje em dia demora 40 segundos, e seus dados são automaticamente transferidos para um programa de computador, desenvolvido por Luiz e colaboradores. Vem a análise dos dados, a qual demora frações de segundos.

O professor relata que os tênis em boas condições são enviados a projetos selecionados normalmente quando chegam à marca dos 60 pares. Somente neste ano, foram doados 80 pares em duas localidades: Jaguari (Bahia), e Taubaté (São Paulo). Em geral, são contemplados atletas que participam de competições e que estão se preparando para um futuro profissional no atletismo. Os tênis são ofertados a homens e a mulheres.

ESTRUTURA

O doutorado de Luiz envolveu a área de Engenharia de Estruturas. Logo, para ele, entender a estrutura de um tênis é algo semelhante à estrutura de absorção do impacto numa ponte ou num edifício, quando ocorre um terremoto. “É exatamente esse sistema. Só que em proporção menor”, diz.

Um produto que em seu ciclo normal demoraria aproximadamente 500 anos ou mais para ser degradado pode ser reutilizado de outra forma, num novo ciclo de mais 500 anos, sem que se leve esse produto para o lixão. “Aproveitamos tudo, e isso tem tido bons reflexos ambientais”, explica. “Com a expansão do projeto, essa consciência pode crescer ainda mais.”

Luiz lembra que são produzidos anualmente 1,2 bilhão de tênis no mundo. É praticamente um sexto da população mundial comprando um tênis por ano. “Se não for tomada alguma medida de reúso desse material, os tênis virarão lixo e isso continuará sendo um enorme problema para o meio ambiente.”

O projeto já doou mais de 500 pares de tênis e está tendo um efeito multiplicador. Neste momento, afirma o professor, estão sendo buscadas novas parcerias para apoio financeiro de agências de fomento e de órgãos governamentais. “Nosso interesse também é que o setor industrial nos auxilie sobretudo no quesito de reutilizar a borracha do tênis.”

De acordo com o autor do projeto, doações de tênis são bem-aceitas e são recolhidas durante os treinos (às segundas e quartas-feiras das 18 às 19h30) do Grupo de Corrida do Labex-GGBS, que ocorrem na pista de atletismo da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp.

A expectativa de Luiz é que o projeto tenha vida longa e que tenha um impacto beneficente na sociedade, não só diretamente para as pessoas, mas também para fechar um ciclo que possa ser encerrado com uma degradação o mais natural possível.